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PREVENÇÃO DE RECAIDA

11-09-2013 21:59

Depois que um dependente de drogas conseguiu manter-se abstêmio entre um e três meses, constata que o intento de superação da adição é um processo longo e complexo, onde logo surgirão as primeiras crises. O desenvolvimento de seus próprios recursos pessoais (intervenção individual), a pressão social da família (intervenção familiar) e o grupo de dependentes de drogas (intervenção grupal) lhe permitem, em grande parte, poder confrontar e resolver as primeiras crises, porem, desafortunadamente, muitos pacientes adictos não superarão estas primeiras crises e voltarão, oura vez, a "pendurar-se" nas drogas.

Recaída ou reincidência se define como qualquer retorno ao comportamento aditivo ou ao estilo de vida anterior, depois de um período inicial de abstinência e de mudanças de estilo de vida (no mínimo entre um e três meses). Litman e outros especialistas no tema, sugere que a recaída pode ser considerada de cinco maneiras diferentes:


1.Como um evento discreto que se inicia com a volta ao consumo de drogas.
2.Como um processo que de forma insidiosa conduz novamente ao consumo;
3.Como o retorno ao consumo de drogas com a mesma intensidade;
4.Como o uso diário durante um número especifico de dias;
5.Como uma conseqüência do uso de substancias.

Talvez a definição mais operativa do que é uma recaída é a que nos

Recaída é o restabelecimento de uma conduta aditiva, pensamentos e sentimentos depois de um período de abstinência". Este período de abstinência pode variar consideravelmente... a recaída implica na interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. A contribuição especifica de cada um destes fatores num individuo certamente dependerá de sua historia de aprendizagem, seu funcionamento físico, sua predisposição psicológica e seu ambiente.

A recaída não deve considerar-se, necessariamente, como uma indicação da motivação que se tem, mas como uma falta que pode ser corrigida mediante um exame e mudando os fatores de risco individuais. Um retorno breve à conduta aditiva não deve considerar-se como uma recaída, a não ser que ocorra freqüentemente ou desencadeie num retorno prolongado à pauta de conduta aditiva.

Estes deslizes podem aportar sinais sobre os fatores biológicos, psicológicos e sociais que requerem uma avaliação mais detalhada. Por fim, substituir uma conduta aditiva por outra poderia considerar-se como um sinal potencial de deslize ou recaída.

Assim que, a recaída nas adições pode manifestar-se de diferentes formas: algumas vezes como o retorno ao estilo de vida antiga, outras na forma de consumo de drogas substitutas e/ou atividades de jogos de azar e risco ou sexualidade compulsiva, mesmo que, geralmente, a característica mais importante consiste em voltar a consumir de forma regular a droga característica de abuso. Estas manifestações de recaída podem dar-se de forma independente e/ou conjunta.

Em alguns casos de observa que muda, primeiro, o estilo de vida, e depois se dar inicio ao consumo de drogas; outras vezes, é o consumo esporádico, porem com um estilo de vida diferente ao de adito ou usuário.

De uma forma empírica se tem demonstrado que os estudos de acompanhamento realizados com dependentes de drogas põe de manifesto a elevada taxa de recaídas depois de finalizado o tratamento. Num estudo clássico, especialistas como Hunt, Bernett e Branch descobriram que aproximadamente sessenta por cento (60%) das recaídas em adição a heroína, álcool e tabaco aconteciam dentro dos três primeiros meses de acompanhamento, com uma aceleração negativa nas taxas de recaída até os 6 meses, alcançando uma estabilidade dentro de um ano.

Para estes profissionais, estes dados representam o processo de extinção que tem lugar à medida que a nova aprendizagem começa a decair ao longo do tempo. Ou seja, o tratamento implica na extinção das condutas aditivas aprendidas que voltam a ressurgir durante o acompanhamento.


MARCO TEÓRICO DA PREVENÇÃO DE RECAÍDAS

Marlatt define a prevenção de recaídas como Um programa de autocontrole desenhado com a finalidade de ajudar aos indivíduos a antecipar e a enfrentar os problemas de recaída na mudança das condutas aditivas. O modelo de prevenção de recaídas, desenvolvido de forma extensa por Marlatt y Gordon nos anos 80 no manual intitulado Relapse Prevention, considera as adições como um hábito adquirido que pode eliminar-se e/ou modificar-se aplicando os princípios de aprendizagem (aprendizagem clássica, operante e, fundamentalmente, aprendizagem social). A recuperação se considera como uma tarefa de aprendizagem onde o adito assume um papel ativo e responsável para alcançar o autocontrole.

Segundo este modelo, o processo de mudança ocorre em três fases:
1.Assumir o compromisso de que o individuo quer mudar;
2.Levar a cabo a mudança; e
3.Manter a mudança alcançada.

Esta última fase se caracteriza pela aplicação dos procedimentos de

intervenção cognitivo de conduta característicos do modelo de prevenção de recaídas, e não é só o mais longo e mais difícil, mas que também é a que se caracteriza por um numero maior de crises. Nossa concepção de prevenção de recaída consiste em manter e melhorar o processo terapêutico alcançado nas duas primeiras fases.

No caso de um dependente de drogas, se na hora de enfrentar uma situação de alto risco for capaz de manejá-la com eficiência, se produz um aumento da auto-eficácia pessoal e diminui a possibilidade de recaída.

No caso de que um individuo em tratamento tenha uma recaída, é possível que o processo que o levou a voltar a consumir se caracterize pela ausência de respostas de afrontamento, ou que as respostas necessárias estejam inibidas devido a níveis elevados de medo ou ansiedade. Também é possível que a situação não seja percebida como de alto risco, ou que o processo de mudança tenha ido se deteriorando de forma gradual.

Estes aspectos vão diminuindo bastante o nível de auto- suficiência do adito em diferentes situações de alto risco, bem como as expectativas de resultado de manejar com êxito uma próxima situação que implique dificuldade. A recaída é mais provável se o dependente antecipa alguns efeitos positivos para o consumo da substancia, que se baseiam em sua história previa do uso das drogas, ao mesmo tempo em que descarta os efeitos negativos a longo prazo. As expectativas desempenham um papel central no modelo de prevenção de recaídas.

Assim que, uma recaída pode começar na forma de pensamentos, sentimentos ou condutas que, materializando-se inicialmente num simples deslize, dão lugar a uma recaída completa. Podemos dizer que uma recaída pode ter inicio com a tomada de uma decisão aparentemente irrelevante (TDAI); Assim que, quando um paciente adota uma decisão desta classe, sem ser consciente do que está fazendo, está incrementando sua vulnerabilidade à recaída.

Por exemplo, um individuo que já leva 5 meses em tratamento e em abstinência, um dia, ao voltar do trabalho muda seu caminho habitual e decide passar por um dos lugares onde comprava droga e consumia quando era um dependente de droga. Neste caso, a escolha de um novo caminho é uma TDAI. Esta decisão, sem ser consciente, o colocou diante de uma situação de alto risco (que são situações de natureza intrapessoal e interpessoal que torna mais provável que um individuo em tratamento volta a consumir).

Ao passar por esse novo lugar pensa no "aviãozinho" que lhe vendia e onde costumava consumir; experimenta pensamentos débeis sobre os efeitos prazerosos do consumo ao mesmo tempo em que nota como a palma de suas mãos começa a suar e o coração bate mais rápido. Neste momento reconhece o risco e a iminência da recaída.

Ao passar de uma decisão aparentemente irrelevante a ver-se numa situação de alto risco, se produziu uma mudança ambiental considerável no processo de recaída. Entretanto, ainda está em tempo de corrigi-la se é consciente do que lhe está sucedendo e adota uma resposta de afrontamento, neste caso, voltando a tomar o caminho habitual. Se for assim, vai notar um sentido geral de auto-suficiência que faz com que o tratamento que está realizando seja mais eficaz ainda. Além disso, também vai aprender que a iminência da recaída pode ser modificada, desde que analise a situação de forma racional e dê uma resposta adequada de afrontamento.

Porém, se o individuo permanece na situação de alto risco por um período de tempo mais longo, vai começar a raciocinar o dilema de voltar a consumir depois de 5 meses com os seguintes pensamentos: "por tentar uma única vez não vai acontecer nada", "me sentirei melhor comigo mesmo se não cedo à tentação". Também começa a antecipar os efeitos positivos da substancia e pensa que se volta a cheirar de novo vai se sentir muito bem, com muita energia e vitalidade. Pensa que já não tem controle sobre sua conduta, o desejo de consumir é cada vez mais intenso, e como se seus pensamentos e sentimentos o estivessem colocando uma espécie de armadilha nessa situação.

Aqui também acaba de produzir uma grande mudança, como seja, o de esperar obter uns efeitos positivos com o consumo e, ao mesmo tempo, sentir que tem cada vez um controle menor sobre sua conduta. Estas mudanças o colocam no próximo passo no seu processo de recaída.

Se a partir dai não se produz uma intervenção, quer seja por iniciativa do próprio paciente ou pedindo ajuda a seu terapeuta, o individuo vai consumir cocaína. Uma vez que tenha consumido a primeira dose, no caso de não se fazer nada, o mais provável é que oculte e negue o acontecido, no caso de ser descoberto, e comece a consumir de forma contínua. E mais, o impulso de continuar consumindo o supera.

Neste caso esta se produzindo o que Marlatt definiu como o "Efeito de Violação da Abstinência". Este efeito tem alguns elementos cognitivos como a geração de uma dissonância cognitiva e de uma auto-imagem negativa, bem como a atribuição de uma incapacidade pessoal para superar a dependência da adição. Também tem outros aspectos, como o desejo reforçado por voltar a consumir.


◦O primeiro componente é a dissonância cognitiva que gera o voltar a consumir. O sujeito experimenta a dissonância resultante em forma de conflito ou culpabilidade pelo que acaba de fazer. Este conflito interno tem um caráter motivador e faz que se empreendam condutas (ou cognições) que eliminem ou reduzam a reação de dissonância. Uma vez que a recaída tenha acontecido, caso continue consumindo, o sujeito, numa intenção por reduzir os sentimentos de culpabilidade, pode estar sendo levado por um reforço negativo (consumir para evitar estados emocionais negativos). Também é possível que o individuo tente reduzir a dissonância associada com o primeiro deslize alterando de forma cognitiva a nova auto-imagem (abstinente) para colocá-la em consonância com a nova conduta (consumir de novo).


◦O segundo componente é o efeito de auto-atribuição mediante o qual o sujeito atribui a causa da recaída ao fracasso pessoal ou a suas fraquezas pessoais. É possível que em vez de considerar a recaída como uma simples resposta circunstancial, atribua a causa da mesma à falta de força de vontade ou â fraqueza pessoal. Freqüentemente as pessoas fazem conclusões sobre seus próprios traços de personalidade, atitudes e motivos quando observa sua própria conduta. Neste sentido, atribuirá seu fracasso a causas internas ou pessoais.

Quer dizer que, se o deslize for considerado como uma falha pessoal, a expectativa do individuo de que vai continuar fracassando seguirá aumentando.


◦O terceiro componente é o desejo reforçado pela volta ao consumo. Estes três componentes se combinam para completar uma recaída completa. Nesta seqüência existem muitos pontos de intervenção.

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