O papel fundamental da família também consiste em antecipar o aparecimento de deslizes e recaídas, descobrindo mudanças que acontecem na forma de comportar-se como, por ex.; o tom da voz, a olhada, falta de objetos na casa, etc.
A. Prevenção de recaída em terapia individual.
Geralmente, a técnica mais importante para abordar um deslize ou uma recaída é a confrontação. A reação inicial do paciente costuma ser a negação ou o encobrimento, evitando assumir responsabilidades pelo fato acontecido e, mesmo depois de reconhecer o deslize ou a recaída, costuma atribuí-lo à causas externas. Na confrontação a presença da família é importante, para que possa aportar informação objetiva sobre os fatos que puderam ter dado lugar à recaída.
B. Prevenção de recaída em terapia de grupo.
A terapia de grupo está orientada à solução de problemas e à realização de tarefas para lograr a abstinência e a mudança do estilo de vida do dependente. Segundo este ponto de vista, alguns pacientes no grupo de dependentes de drogas assimilaram interiormente mais que outros o processo pessoal de deixar a droga, e isto faz com que possa confrontar com mais facilidade a negação e argumentação daqueles que caíram. Ao mesmo tempo, serve para reafirmar o processo terapêutico daqueles que servem de modelo para os demais.
C. Prevenção de recaída em terapia familiar
Geralmente, os pais com filhos dependentes de droga, não tem tanta facilidade em distinguir os sinais que levam um individuo a cometer deslizes ocasionais e a recair.
O objetivo consiste em ensinar aos pais, em grupo, a distinguir sinais que antecedem uma recaída e quais as condutas que são características da preparação e incubação da mesma.
AVALIAÇÃO DA PREVENÇÃO DE RECAIDA
1.Avaliação das situações de alto risco.
Para o modelo de prevenção de recaídas é fundamental a identificação das situações de alto risco. A avaliação destas situações pode ser feita preenchendo um registro sobre o dia e hora em que ocorre cada episódio de consumo de droga, circunstancia em eu aconteceu, tipo de droga consumida e a quantidade, especificando se havia outras pessoas presentes e se estas escavam consumindo. Para obter estas informações, se pede ao paciente que responda as seguintes perguntas:
◦Qual o principal motivo que o levou a voltar a usar droga
◦Mencionar quais os pensamentos e os sentimentos que tinha nesse momento e que desencadearam a necessidade ou o desejo de voltar a consumir.
◦Descrever qualquer circunstância ou conjunto de situações que te sucederam e que desencadearam a necessidade e/ou o desejo de consumir.
O resumo, a avaliação das circunstancias de alto risco implica realizar uma mostra suficientemente ampla de situações susceptíveis de desencadear um deslize ou uma recaída al longo do processo de recuperação terapêutica. A identificação de situação de alto risco pode realizar-se a partir do momento em que o paciente tenha um mês de abstinência.
Uma das formas de procedimento é a seguinte: a) se pede a cada individuo que faça um registro cada vez que tenha um forte desejo de consumir; b) se o paciente tiver dificuldade para fazer o registro (por ex.; no caso de um nível educativo muito baixo), o terapeuta durante as sessões de terapia individual realiza uma pesquisa sobre possíveis situações de alto risco que tenha acontecido ao longo da semana e vai anotando numa lista sobre "situações de alto risco"; c) cada vez que aconteça um consumo da principal droga de abuso e/ou outras relacionadas, mesmo que este seja mínimo, analisa-se a situação que o motivou, e d) análise da história previa de recaída.
Uma análise pelo profissional permite determinar a natureza das situações de alto risco e sua evolução ao longo do tratamento, podendo, conforme as situações, adaptar o treinamento em estratégias de afrontamento, segundo as características deste tipo de circunstancias.
Em muitos casos, a recaída acontece por uma serie de acontecimentos vitais que tem lugar na vida do paciente (por ex.: separação, perda do emprego, etc.). Se recomendam levar em consideração estes determinantes como possíveis fatores desencadeantes de uma recaída durante o tratamento ou no acompanhamento.
Em Prevenção de recaídas é muito importante observar algumas situações de alto risco característico dos indivíduos em tratamento. Vejamos alguns:
a. Movimento de dinheiro. Nas situações onde o paciente movimente suficiente dinheiro como para adquirir droga para consumo, é muito provável que com o passar do tempo volte a cair. Geralmente um adito necessita que passe muitos meses antes de que possa movimentá-lo sem necessidade de pensar na droga. Se uma pessoa passa por um lugar de venda de droga e tem dinheiro suficiente como para adquiri-la, certamente seu nível de desejo aumenta de forma considerável, e o mais provável é que inicialmente se produza um deslize e, caso não haja uma intervenção, uma recaída.
b.Consumo de outras drogas. O consumo habitual de álcool e tabaco, assim como de outros fármaco psicoativos, determina outros fatores de risco mais importantes. Enquanto o paciente procure a sensação de "estar situado", é muito provável que as características da adição se mantenham inalteradas, substituindo a droga de abuso por outras até alcançar efeitos similares. Esta conduta de buscar alternativa dos efeitos da droga deve confrontar-se nas diferentes modalidades de tratamento que se propõe (terapia individual, grupal, prevenção de recaída e terapia familiar).
c.Atividades de ócio com consumidores de drogas conhecidos. O adito pode manter a abstinência durante um mês ou mais, porém se suas relações interpessoais se dá com habituais consumidores de drogas , a recaída e o abandono do tratamento será uma questão de tempo. Neste caso, mudar as relações interpessoais é um objetivo terapêutico prioritário.
2. Fatores de risco e sinais de aviso.
Os fatores de risco e sinais de aviso aparecem sempre antes que o paciente recaia.Quanto mais cedo forem detectados e colocados de manifesto, mais fácil será adotar as medidas terapêuticas apropriadas e interromper a cadeia de eventos que certamente dão lugar a uma recaída.
Pautas de pensamento e atitudes de recaída.:
a) Atitudes negativas. Uma vez que um dependente de droga que tem uma historia crônica de abuso de drogas deixa de consumir, geralmente durante os dois primeiros meses de abstinência, experimenta uma serie de conseqüências positivas antes de que os problemas e o estresse da vida diária o afetem em cheio. Nesta espécie de "lua de mel", o individuo nega a existência de qualquer problema, sentimento negativo ou, inclusive, a possibilidade de recair. Uma vez que todos os problemas relacionados com a obtenção da droga (roubar, mentir e enganar para obter o dinheiro) desapareceram, neste período encontra difícil admitir que as dificuldades vão surgir novamente.
Existe também uma serie de pensamentos e atitudes negativas que dão lugar à recaída. Por exemplo: Comportar-se como um individuo que não consome drogas e pensar como um dependente de droga. Neste caso, o pensamento aditivo representa uma continuação do estilo de vida de dependência de droga; ou seja, o paciente pensa, sente e atua de forma aditiva, mesmo que não consuma drogas. Vejamos uma série de atitudes e pensamentos relativos com este aspecto.
b.Ter dúvidas sobre o processo de recuperação. Esta atitude se caracteriza por uma série de expectativas relacionadas com a recuperação terapêutica no dia a dia. Quando esse tema é tratado na terapia, o paciente costuma responder: "Este não é meu caso", "Manter a abstinência durante estes 3 meses não tem sido tão fácil como eu pensava", "A partir de agora eu já posso controlar-me", "Creio que já superei o problema que eu tinha com a cocaína".
c.Compaixão de si mesmo. "Por que eu tenho que ter este problema?", "Tudo me sai errado", Se um paciente se caracteriza por esta atitude, é possível que ainda continue submergido no mundo da dependência de droga. A possibilidade de que tente mudar é muito pequena e está sempre na iminência da recaída.
d.Impaciência. "Vejo que minha recuperação é muito lenta", "Não seria melhor que eu me esquecesse do problema das drogas e fizesse minha vida de forma normal"?. "Este tipo de pacientes que se sentem, de certa forma, frustrados pela lentidão do programa de recuperação recai com facilidade".
e. Manter uma atitude negativa e de insatisfação crônica. Os pacientes que consideram que a vida não tem sentido para eles costumam recusar qualquer tipo de apoio e/ou conselho, e o único que lhes produz satisfação é criticar as falhas e defeitos dos outros, ignorando os seus. Esta atitude gera um ambiente favorável para a recaída.
3. Sentimentos e estado de animo negativos. Sentimentos crônicos não resolvidos de tédio, depressão, solidão, infelicidade, tristeza, ira, ansiedade e culpa, são precursores da recaída, bem como lembranças traumáticas. Deixar de consumir produz um vazio no individuo que dá lugar a sentimentos contraditórios e a uma alteração do estado de animo. Como controlar tudo isso, deve ser motivo de abordagem no programa de intervenção individual ou grupal.
1.Idealizar o efeito da droga "estar situado". A situação de recaída aumenta se o paciente continua idealizando os efeitos que a droga lhe produzia e, de forma seletiva, só se lembra dos agradáveis (este efeito também se conhece como "lembrança eufórica").
2.Estado de animo positivos. Não só os sentimentos e estados de animo negativos desencadeiam a recaída, mas também o sentir-se muito bem, ou num estado de ânimo positivo um pouco exagerado, gera um falso sentimento de segurança sobre o processo de recuperação. Quando um adito está neste estado pode crer que, para ele, é fácil controlar um consumo esporádico sem necessariamente de perder o controle.
3.Problemas sexuais e de relações. Os problemas sexuais não resolvidos podem ser um fator que contribua para as recaídas. Está comprovado que no caso de consumidores de cocaína que não tinham relações sexuais sem usar drogas durante um período muito longo, costumam ter reações de medo e de ansiedade, que podem dar lugar a uma impotência transitória, ejaculação precoce ou um fracasso em chagar ao orgasmo. Neste caso, para prevenir a recaída é importante que estes indivíduos aprendam a desfrutar os sentimentos relacionados com a sexualidade e a intimidade sem necessidade de consumir drogas.
Outros fatores de alto risco
Existem umas séries de fatores que afetam os pacientes que estão num programa de tratamento e é necessário analisar para prevenir possíveis recaídas.
a.Presença de outros transtornos mentais. No caso de um individuo adito à heroína ou à cocaína pode coexistir mais de um transtorno mental. Assim que, não é difícil que se encontre transtorno de ansiedade e de animo que não são apenas conseqüências do problema aditivo, mas que existem com anterioridade ao mesmo. Caso estes problemas não sejam tratados, é possível que alterem a forma de pensar, o estado de animo do paciente e sua forma de comportar-se; as conseqüências da influência destes fatores costuma ser uma recaída.
b.Eventos vitais. Diz respeito a mudanças importantes, de naturezas negativas e inesperadas, que desencadeiam uma reação de estresses exagerada e costuma dar lugar a uma recaída. Por exemplo, perder uma relação íntima significativa, perda do trabalho, morte de um ser querido, problemas econômicos. Também pode ser de natureza positiva como, por exemplo, uma promoção no trabalho que implique mais responsabilidades, nascimento de um filho, o inicio de uma nova relação.
c.Permissividade familiar. Em muitos casos, o círculo familiar ou de amigos facilita a recaída do paciente ao relaxar as normas de convivência e ignorar os possíveis sinais de recaída que tem lugar na conduta do adito. Se o individuo sabe, por experiências passadas, que sempre que ocorre uma recaída os demais o apoiarão sem aplicar nenhum tipo de sanção, o mais provável é que volte a cair.
Em resumo, ao longo do programa de intervenção na conduta, o terapeuta tem que realizar uma avaliação contínua dos seguintes aspectos:
◾Estado anímico negativo (depressão, ira, frustração, solidão, tédio, culpabilidade, cansaço);
◾Atitudes, pensamentos e sentimentos que desencadeiam uma recaída (desejo de consumir, impaciência, confiança excessiva, insatisfação, desejo de colocar-se à prova, sonhos, etc.);
◾Condutas de recaída (tomar decisões precipitadas, mudança no estilo de vida, etc.)
◾Outros fatores de alto risco (acontecimentos vitais importantes, transtornos mentais, etc.). O terapeuta deve registrar todas estas possíveis variáveis à medida que vão aparecendo e desenhar estratégias de atuação adequadas para prevenir possíveis deslizes ou uma recaída completa.
BIBLIOGRAFIA E LEITURAS RECOMENDADAS
1 – SMITH David E.
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Mc Grow-Hill Book Company - USA – 1973
2 - DUPONT Jr. Robert L
Drogas de Entrada
Editora Prisma – Mexico.
3 – INABA Darryl e CHOHEN William
Uppers, Downers, All Arounders (Physical and Mental Effects of
Drugs of Abuse.
Cinemed – Oregon – USA – 1989
4 - SPAA
Guia de Estudios y Capacitación
Gobierno de la Provincia de Buenos Aires – Argentina
5 - GOMEZ José Luis e ALVAREZ Ángel G.
Conducta Adictiva
Editora Debate – Espanha
6 – ARNAU Domingo
Apuntes para una mejor Prevención
Gobierno de la Provincia de Buenos Aires - Argentina
7 – CONCEIÇÃO Adaylton
Prevención y Asistencia ( no I Congresso sobre Prevenção e Trata-
mento de dependência de drogas)
Ponta Del leste – Uruguay.
MISSIONÁRIO HELBERT IMBUZEIRO COM DEUS RESGATANDO VIDAS.
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